Alunos evoluem em 10 dias o equivalente a 1,3 ano de escolaridade em matemática após Curso de Férias

17 de agosto de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

Resultados do trabalho com estudantes da rede pública de Cotia (SP) foram apresentados em webinar com Jack Dieckmann e convidados

“Estudar nas férias? Que coisa esquisita, quem pensaria nisso?”, pergunta um dos 70 alunos de escolas públicas de Cotia (SP) sobre suas impressões antes do Curso de Férias Mentalidades Matemáticas, promovido pelo Instituto Sidarta, em parceria com Itaú Social, em janeiro de 2020. Entrar no universo de uma matemática aberta, criativa e visual mudou a relação dos estudantes com a disciplina. E o impressionante resultado dessa experiência foi um ganho de 1,3 ano de escolaridade em conceitos matemáticos em apenas 10 dias. O estudo sobre o impacto no aprendizado dos alunos foi tema no webinar “Curso de Férias Mentalidades Matemáticas: resultados e evidências”, transmitido pelo Facebook do Mentalidades Matemáticas, na quinta-feira (13). 

Apresentado por Jack Dieckmann, diretor do Centro de Pesquisas Youcubed da Universidade Stanford (EUA), o webinar teve a participação de Juliana Yade, especialista em educação do Itaú Social, Anna Karina da Col, formadora do Programa Mentalidades Matemáticas e Regiane Picinin, instrutora do Curso de Férias. Telma Scott, coordenadora do Ensino para Equidade do Instituto Sidarta, mediou o encontro.

A evolução de 1,3 ano alcançada pelos alunos é correspondente ao padrão americano, calculada a partir do desempenho na avaliação MARS (Mathematics Assessment Resource Service). É o mesmo teste usado por Stanford em Cursos de Férias realizados nos EUA. 

“Precisamos enxergar esses resultados de forma abrangente, olhando o resultado dos testes, mas também as atitudes, a participação dos alunos e se eles se reconhecem como seres matemáticos”, considera Dieckmann. Em média, as meninas tiveram avanço 3.5 vezes maior do que o dos meninos. “Isso é impressionante, porque no sistema tradicional as meninas têm um desempenho menor do que os meninos”, disse.

Dieckmann ressaltou que na abordagem os erros não são punidos, mas valorizados e encorajados, porque fazem parte do processo de aprendizagem –  levando os alunos a formularem perguntas, investigarem e serem criativos. E a pesquisa apontou que praticamente todos os participantes (96%) compreenderam que errar faz parte do processo de aprendizagem. 

Para Juliana Yade, que assistiu às aulas do Curso de Férias, o Programa Mentalidades Matemáticas assegura um ensino equitativo e inclusivo, que escuta e estimula a capacidade de cada estudante. Ela lembra ter visto um aluno, que apesar de não dominar a leitura e a escrita, participar, ser respeitado e contribuir com sua estratégia em uma atividade. “Os depoimentos são muito potentes e mostram como os estudantes mudaram a relação na aprendizagem da matemática. Uma mudança de mentalidade para lidar com própria vida”, afirmou. 

Dividido em dois períodos, o curso se concentrou na sala de aula pela manhã e ocupou a escola à tarde, com brincadeiras lúdicas que traziam conceitos matemáticos e reforçavam a importância do trabalho em grupo e a comunidade de aprendizagem.

Outras dimensões trabalhadas foram desafio e persistência, com atividades que desenvolviam o sentimento de pertencimento, a auto-confiança e comunicação. “Pequenas conquistas que ajudam na confiança do grupo. A gente fala muito do poder do ‘ainda’. Eu ainda não sei, ainda não consigo, mas estou em um processo, avançando, e o cérebro vai crescendo com os erros”, apontou Anna Karina.

Curso de Férias também foi aprendizado para professores

Para Regiane, as primeiras aulas serviram para quebrar paradigmas. “Foi difícil no início porque acreditamos que só é bom em matemática quem resolve um problema rápido. Depois entenderam que cada um tem seu tempo, que o erro não é ruim e todos podemos aprender”.  Os instrutores debateram as mensagens de que não existe limite para a aprendizagem, nem uma “pessoa” matemática. Ficou também registrado que promovemos importantes conexões cerebrais quando desafiados. 

Neste processo de autonomia do aluno e construção de uma comunidade de aprendizagem, o professor tem um novo papel – é um mediador de conhecimento. Se o estudante questiona se a resposta de um desafio está correta, o docente responde com outra pergunta. Que estratégia está pensando agora? Você testou de outra maneira? Está convencido desta resolução? Valorizando diferentes estratégias e motivando o aluno a desenvolver sua criatividade e confiança nos seus pensamentos.

O papel dos professores durante o curso foi também o de examinar suas próprias práticas de ensino. Anna Karina reforçou que “o professor pesquisador é um exercício diário de aprender a fazer boas perguntas, a refletir sobre a prática, entender a riqueza do trabalho em dupla e principalmente acreditar no potencial do aluno. Não precisamos dar os caminhos de todas as respostas.”

Como parte do processo de tropicalização, no curso de férias de Janeiro, o Instituto Sidarta decidiu aumentar o número de aulas de Conversas Numéricas. Se no currículo americano ocorria em um dia, no Brasil foram seis aulas. Além de diversão, os alunos perceberam a flexibilidade dos números, concebiam suas estratégias e entendiam as dos colegas. No primeiro dia, a menina escreveu uma frase sucinta e descrente em seu diário. No penúltimo dia, a mesma estudante registrou seu cálculo com riqueza de detalhes, demonstrando interesse e empatia com as estratégias dos colegas. 

Mudanças no ambiente escolar que também motivam os professores. “Levo comigo um pouco de cada sorriso que recebi, cada descoberta dos alunos. Tivemos a experiência que é possível transformar uma sala de aula de matemática, com alunos engajados e recursos de baixo custo”, conforme registrou Regiane.

Quer saber mais da experiência dos alunos e professores no Curso de Férias? Assista ao vídeo Mentalidades Matemáticas Brasil: Curso de Férias. Clique aqui para acessar.


Mentalidades Matemáticas

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