‘As crianças perderam o medo da matemática’, diz diretor de escola que recebeu Curso de Férias

03 de fevereiro de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

Por dez dias, alunos de Cotia (SP) fizeram imersão no Programa Mentalidades Matemáticas

“Liberdade”, “divertido”, “incrível” e “cooperação”. Essas foram algumas das palavras que apareceram nas lousas das salas de aula do Curso de Férias do Programa Mentalidades Matemáticas, após dez dias de mergulho numa matemática criativa, visual e aberta. Cerca de 80 alunos de duas escolas municipais de Cotia (SP) aceitaram o desafio de deixar as férias de lado para conhecer uma abordagem de ensino acolhedora.

“Antes de o curso começar, achei que seria chato e cansativo. Chegou sexta e queria que continuasse. Fiquei torcendo para o fim de semana passar rápido e voltar a estudar.  Nunca gostei de matemática como aqui! Gostei de trabalhar em grupo, do silêncio durante as aulas e de fazer novos amigos”, contou a estudante Lara Campos.

O curso foi de 6 a 17 de janeiro das 8h às 16h. Pela manhã, entre outras atividades, os alunos tinham “conversas numéricas”, em que debatiam as diferentes maneiras para se chegar a um resultado. Esse exercício privilegia o raciocínio lógico, a flexibilidade dos números e a profundidade ao invés da velocidade nas respostas. À tarde, as atividades lúdicas tomavam conta de outras partes da escola, como a quadra poliesportiva. Brincadeiras da infância, como “corre cotia” e pular corda, misturaram-se com jogos de tabuleiro e boliche finlandês.

Na parte da tarde, os alunos aprendiam matemáticas com atividades lúdicas e brincadeiras da infância.

Se no início os alunos ficavam envergonhados em participar, no fim da segunda semana o debate já era intenso, e os estudantes desfrutavam a autonomia de ir à frente da sala explicar seus argumentos. Os professores têm outra atuação, mediando a aula com perguntas em vez de centralizar o conhecimento. Para Emília Gil, a abordagem dá mais segurança aos alunos ao valorizar o erro no processo de aprendizagem e o esforço para superar dificuldades. 

“Eles estão mais confiantes, resilientes, aprenderam a enfrentar o que a Jo Boaler chama de ‘fundo do poço’ – o momento de frustração no processo de aprendizagem, quando parece impossível resolver uma tarefa. Alguns alunos continuaram a fazer a atividade dos “quatro quatros” em casa, porque sabiam que nesse momento o cérebro se desenvolve”, disse.

“Eu achava matemática difícil, só gostava um pouco de divisão. Mas aqui é totalmente diferente da minha escola normal, muito mais divertido e livre, posso ir ao banheiro quando quiser e escrever para a professora”, afirmou Beatriz Silva, enquanto escrevia em seu diário. Durante o Curso de Férias, os alunos customizaram seus cadernos e foram incentivados a registrar diariamente seus sentimentos e impressões sobre as atividades. São informações relevantes para os docentes entenderem o desenvolvimento do curso e perceberem o entendimento de cada exercício. “Antes, eu não sabia o que escrever no diário, agora falta espaço”, resumiu Beatriz.

Outra novidade para os alunos foi a troca entre eles. As turmas foram divididas em grupos de quatro estudantes com uma responsabilidade e uma função para cada integrante. São os papéis para o trabalho em grupo, desenvolvido pela educadora Rachel Lotan, da Universidade Stanford, com o objetivo do aprendizado deixar de ser individualizado e se transformar em um processo colaborativo. Este foi um dos pontos mais elogiados pelos alunos. “No trabalho em grupo, compartilhamos ideias, pensamos juntos. Adorei! O exercício do cubo foi difícil, mas não desistimos. só resolvemos porque todos participaram”, relatou Alice Medeiros. 

O Curso de Férias teve patrocínio do Itaú Social. “Era um sonho trazer esse curso para o Brasil, por seu grande impacto em redes educacionais nos Estados Unidos em outros países. Certamente as crianças saíram das aulas mais confiantes em si mesmas, sabendo que podem aprender, compartilhar com seus amigos e ajudar no processo de aprendizagem. Além disso, os professores tiveram a oportunidade de participar de uma formação que mostrou os caminhos para uma matemática mais criativa”, afirmou Angela Dannemann, superintendente da instituição. 

A realização do Curso na Escola Municipal Prefeito Ivo Mario Isaac Pires foi possível por causa da parceria com a Prefeitura de Cotia, que ofereceu café da manhã, almoço e disponibilizou transporte para professores e observadores. Em 2020, os professores da escola participarão da formação do Programa Mentalidades Matemáticas. Segundo o diretor, José Carlos Caldas, “as crianças mudaram de postura, perderam o medo da matemática e perceberam que errar faz parte da aprendizagem. Elas gostaram bastante”. 

O secretário de Educação de Cotia, Luciano Correia, destaca a parceria com o Instituto e a perspectiva de novos projetos. “É um momento muito marcante para a educação de Cotia ver a divulgação do curso para todo país. Mas o mais importante é sentir como as crianças terminaram estes dez dias inspiradas, motivadas com a escola.”

Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, afirmou que o objetivo do Curso era empoderar os alunos para que se sintam capazes de aprender matemática em alto nível. “Elas percebem como enxergar padrões matemáticos e a importância do pensamento próprio. Acreditamos nesse processo de inovação junto com a Universidade Stanford, o programa tem aderência no contexto educacional do país, pois existe uma lacuna muito grande no ensino da disciplina.”


Mentalidades Matemáticas

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