Avaliação formativa torna o aluno protagonista de sua aprendizagem

22 de setembro de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

Diários dos alunos durante o Curso de Férias do Programa Mentalidades Matemáticas é um exemplo desse tipo de avaliação. Confira!

Época de provas e a tensão passeia pelos corredores e olhares dos alunos. Afinal, os resultados podem definir autoestimas, criar rótulos dentro da classe ou transformar a relação com os pais. E a prova de matemática está entre as mais temidas. Mas por que insistir com esse modelo, se pesquisas demonstram que as avaliações desmotivam os alunos, ao invés incentivá-los? Como podemos analisar o avanço do aprendizado, empoderando e estimulando os estudantes?

Entre os tipos de avaliação, a somativa é que conhecemos melhor: uma nota final vai determinar quem é o aluno. Outro modelo é a avaliação formativa, marcada pelo diálogo com o professor e a autonomia do estudante, protagonista de sua própria formação. “Os alunos descobrem o que sabem, o que precisam saber e as maneiras para diminuir a distância entre esses dois pontos. Além disso, recebem informações sobre suas rotas de aprendizado flexíveis e expansíveis, que contribuem para o desenvolvimento de uma mentalidade aberta ao desenvolvimento do raciocínio”, explica Jo Boaler, professora de Educação Matemática da Universidade Stanford, no artigo “Alinhando as avaliações à ciência do cérebro”. 

Os diários dos alunos durante o Curso de Férias do Programa Mentalidades Matemáticas são exemplos desse diálogo. Neles, os estudantes registraram as atividades, ideias e sentimentos. Diariamente, as professoras leram as anotações e responderam a perguntas, provocaram reflexões, valorizando o esforço frente às dificuldades e celebrando conquistas, auxiliando a criança a reconhecer seu processo de aprendizagem. “Isso permite aos professores dar um presente aos estudantes – o conhecimento e insights importantes que vão ajudá-los a melhorar o desempenho”, afirma Boaler.

O diário dos alunos do Curso de Férias é um exemplo de avaliação formativa.

Países como a Finlândia, o sexto melhor país no último PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), adotaram a avaliação formativa e não fazem testes na escola. Recentemente, a Argentina decidiu usar esse modelo, com a interrupção das aulas durante a pandemia da Covid-19, por acreditar ser mais justo para enfrentar as desigualdades de acesso à internet.

Jo Boaler realizou uma pesquisa na Inglaterra com alunos já adaptados a essa avaliação, sem provas, dos 13 aos 16 anos de idade – quando prestaram os exames padronizados nacionais. Mesmo sem familiaridade com perguntas de exames, o desempenho no exame nacional foi significativamente melhor do que o registrado por um grupo de mesmo nível, frequentemente submetidos a testes.

“O motivo pelo qual os alunos se saíram tão bem nos exames nacionais se dá porque eles haviam aprendido a acreditar em seu potencial, recebido informações úteis e diagnósticas sobre seu aprendizado e descoberto que eram capazes de resolver qualquer questão, uma vez que estavam habituados a solucionar problemas matemáticos”, explica Boaler. 

A professora critica também como os resultados são comunicados aos alunos. É inevitável que os estudantes comparem e comentem suas notas uns com os outros. Metade da turma pode concluir que não é boa na disciplina, o que prejudica o aprendizado. O processo ainda se transforma em uma avaliação pessoal, como nas expressões “aluno nota 10” ou “aluno nota 5”, que simplificam a complexidade da aprendizagem.

Jo Boaler sugere diminuir o número de avaliações, substituindo testes regulares por comentários diagnósticos ocasionais. O desafio do professor é se comunicar com clareza para ajudar os alunos na tomada de consciência da aprendizagem. 

A autora afirma que os professores ganham um novo fôlego quando são estimulados nessas novas maneiras de trabalhar e avaliar. Os docentes que iniciaram a avaliação formativa relataram um desempenho melhor nos testes e um aumento da confiança e da motivação dos alunos. “Tarefas e perguntas bem desenvolvidas oferecem aos alunos um caminho de crescimento, e o aprendizado pode chegar a níveis altíssimos”, afirma. 

A autoavaliação é uma das estratégias para os alunos se conscientizarem de sua aprendizagem. Ela ocorre quando o estudante fala ou escreve sobre suas conquistas, como “aprendi que há muitas maneiras de alcançar um resultado” ou “consegui terminar o exercício porque tive calma e me esforcei”. É possível também oferecer uma autoavaliação para os alunos responderem, com perguntas que os façam refletir sobre seus estágios de aprendizagem, tema trabalhado por Jo Boaler no oitavo capítulo do livro Mentalidades Matemáticas.

Um problema das aulas de tradicionais é que os estudantes dificilmente sabem o que estão aprendendo ou onde se encontram entre os conceitos da disciplina. Situação agravada por métodos que privilegiam a memorização e a velocidade nas respostas, indo na contramão da avaliação formativa, onde os alunos passam a ser mais reflexivos, pensam com profundidade e assumem o controle de seu aprendizado – e de suas próprias vidas. 

No Youcubed, você pode conhecer as “Dez estratégias para avaliação formativa”, desenvolvido pelo educador David Wees. Há sugestões de questionários, trabalhos em dupla e outras atividades em classe. No site do Wees (em inglês), há 56 estratégias para incentivar o professor a utilizá-la. Confira!


Mentalidades Matemáticas

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