8 educadoras brasileiras que ficaram pra história

28 de abril de 2021

Atualizado em: 22/12/2023

Não há vida feliz sem ideal. A frase, poética, soa lógica, mas ganha ainda mais sentido quando colocada na boca de sua autora, Anália Franco. Ela viveu no Brasil em um período em que a educação ainda era bastante restrita às mulheres. E foi graças à luta de educadoras brasileiras como Anália que a educação virou um direito, ecoado por outras grandes mulheres até os dias de hoje. Neste Dia da Educação (28), vamos recordar 8 figuras que revolucionaram esse aspecto tão importante da sociedade.

Educadoras brasileiras e seu legado

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Imagem: Freepik

Nísia Floresta

A cidade em que nasceu, em 1810, no Rio Grande do Norte, hoje leva seu nome. Em 1838, Nísia fundou sua própria escola, destinada às meninas. Na contracorrente dos costumes da época que limitavam à mulher aos afazeres domésticos e cuidados com a família, o Colégio Augusto, fundado por Nísia, ensinava disciplinas como matemática e ciências. Ela também escreveu obras em defesa dos direitos das mulheres, dos indígenas e dos escravos, que ganharam reconhecimento mundial. Nísia Floresta é considerada a primeira feminista brasileira.

No cordel abaixo, Brunna Prado apresenta um pouco mais sobre o legado da ativista:

Anália Franco

Ela fundou dezenas de escolas e asilos em São Paulo e no interior do estado, atendendo, em boa parte, crianças órfãs. “A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capacidade de se libertar”, dizia. Nessas instituições ela lecionava e também supervisionava. Anália Franco viveu entre 1853 e 1919 e deixou um extenso legado como educadora e filantropa, como tratados sobre a infância destinados inclusive a mulheres que educavam suas filhas em casa. Ativista também pela arte, fundou a primeira banda musical feminina do Brasil e uma orquestra.

A doutoranda em educação Samantha Lodi escreveu uma biografia sobre Anália. Na entrevista abaixo ela fala mais sobre a trajetória da educadora:

Maria Firmina dos Reis

Os registros da professora maranhense, que viveu entre 1822 e 1917, são poucos e boa parte de sua trajetória ainda é desconhecida pelos historiadores. Ainda assim, pode ser considerada a primeira escritora negra do Brasil. Sua obra “Úrsula”, editada em 1859, é também o primeiro trabalho literário crítico à escravidão. Foi fundadora da primeira escola mista e gratuita do Maranhão, em 1880.

No vídeo a seguir, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz apresenta um resumo de sua biografia:

Antonieta de Barros

Primeira deputada estadual negra do Brasil, a professora Antonieta de Barros foi eleita em 1934 em Santa Catarina e foi a partir de um projeto de lei de sua autoria que o dia 15 de outubro foi oficializado como o Dia do Professor. Também foi responsável por leis de concessões de bolsas para alunos carentes. Em 1922, quando começou a lecionar, ela criou um curso para alfabetizar a população carente. Naquela época, a taxa de analfabetismo em Santa Catarina chegava a 65%. Jornalista, também publicou diversos artigos denunciando a desigualdade racial e de gênero na educação. 

O canal do Observatório do Terceiro Setor recordou seus feitos, nem sempre lembrados pelos livros de história,  no vídeo abaixo:

Dorina Nowill

A simpática personagem Dorinha, de Mauricio de Sousa, é uma homenagem a esta ativista pela acessibilidade do ensino às pessoas com deficiência visual. Dorina Nowill perdeu a visão aos 17 anos e formou-se em 1975 como professora – a primeira professora cega do Brasil –, tendo se especializado em educação de cegos na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. 

Criou em 1946 a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que se tornou dois anos depois a primeira imprensa em braille do país, responsável por imprimir livros didáticos e outros trabalhos. Hoje, é uma das maiores do mundo em capacidade produtiva.

Entre 1961 e 1973 dirigiu a Campanha Nacional de Educação de Cegos do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Em sua gestão foram criados os serviços de educação de cegos em todas as Unidades da Federação. Sua fundação, a Dorina Nowill para Cegos, é uma organização sem fins lucrativos que atua há 75 anos pela inclusão social de pessoas com deficiência visual.

Sonia Guimarães

Primeira mulher negra a se tornar doutora em Física no Brasil, Sonia Guimarães leciona no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) desde 1993. Quando começou seu trabalho na instituição, o local não aceitava mulheres como estudantes, e Sonia se tornou voz ativa contra as desigualdades raciais e de gênero nas ciências, especialmente as exatas. É mantenedora da Faculdade Zumbi dos Palmares, que conta com 84% de alunos negros e 54% de mulheres, atuando em projetos de educação para estudantes de áreas carentes e frentes feministas.

Em seu TED Talk, Sonia conta mais sobre sua história e destaca a importância da educação:

Débora Seabra

A educadora acumula mais de uma década de atuação em sala de aula, depois de ter se tornado a primeira professora com síndrome de Down do país. Ela concluiu o magistério na Escola Estadual Professor Luis Antônio, em Natal (RN), e estagiou na Unicamp. Trabalha como professora assistente na educação infantil e no primeiro ano do ensino fundamental em uma escola de Natal, abrindo espaço para a representatividade na educação. Lançou, também, o livro “Débora conta histórias” (Alfaguara), com fábulas inclusivas infantis sobre o respeito e a amizade.

Débora viaja o Brasil e o mundo dando palestras sobre inclusão, e em 2014 discursou na ONU:

Itamirim

Mulheres indígenas também se destacam entre as educadoras brasileiras. Conta-se, inclusive, que foi Madalena Caramuru, descendente dos tupinambás, a primeira mulher alfabetizada do Brasil, em 1561. Na história contemporânea, Mirian Santos Oliveira, conhecida pelo seu nome indígena Itamirim, resgata os hábitos e a cultura do seu povo por meio da educação para manter vivas as tradições. Formada pela Faculdade de Educação da USP, Itamirim fundou a sua própria aldeia em Peruíbe (SP), a Tabaçu Reko Ypy, onde ensina tupi-guarani, além de conceitos de coletividade e hayu (amor indígena). “Estamos formando grandes líderes e cidadãos, capazes de se sustentar lá fora também”, declarou em entrevista ao G1. Conheça mais sobre a aldeia em sua página oficial.

Educadoras brasileiras e a luta de hoje e sempre

Existem muitas outras educadoras brasileiras que fizeram e continuam fazendo história em defesa desse direito fundamental a todo cidadão. Hoje o dia é de celebrar o legado dessas mulheres e de todas as pessoas que lutam dentro e fora da sala de aula em prol de uma educação de qualidade para todos. Afinal de contas, como diria Malala Yousafzai, “uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo.”


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