Matemática: uma forte aliada contra o câncer

Atualizado em: 22/12/2023

Organizar e analisar dados e estatísticas é fundamental quando falamos de saúde. Vimos isso durante a pandemia do novo coronavírus e, com o câncer – doença que preenche o mês de fevereiro no calendário da saúde –, não é diferente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estimativas apontam que o câncer de pulmão – juntamente com doença cardíaca, diabetes, AVC e doença pulmonar obstrutiva crônica – foram responsáveis por quase 100 milhões de anos de vida saudáveis adicionais perdidos em 2019 em comparação com 2000. Para chegar a esse resultado, análises e cálculos matemáticos foram fundamentais.

A matemática no combate ao câncer

Seguindo essa linha, diversos estudiosos se dedicam a “emprestar” seus conhecimentos nas exatas para contribuir com as ciências biológicas. Quando falamos de quimioterapia, por exemplo, um dos tratamentos mais indicados para pacientes oncológicos, são diversas as teorias baseadas em fundamentos matemáticos que embasam suas recomendações. O tema também esteve na tese de doutorado da matemática Tatiana Rocha de Souza, defendida em 2018 na Unicamp.

A pesquisadora analisou matematicamente o comportamento tumoral, com e sem tratamento quimioterápico. Entre os destaques do trabalho está a contribuição de terapias integrativas com o tratamento de câncer, como Reiki, acupuntura e terapia craniossacral. Estudos científicos do mundo inteiro apontam os benefícios dessas técnicas à saúde, e o trabalho de Tatiana, por meio de análises matemáticas, reforça e propaga esses efeitos. Infelizmente, a pesquisadora faleceu meses depois de defender a pesquisa, mas seus conhecimentos se mantêm vivos a fim de contribuir com os pacientes.

Oncologia matemática

Em âmbito internacional, a revista científica Nature – uma das mais importantes do mundo –, publicou em 2015 um artigo ressaltando a importância da matemática na pesquisa do câncer. O documento chama a atenção para a complexidade da doença e aponta que, por esse motivo, ela se mostra adequada para análise por meio de modelos quantitativos. “Em combinação com considerações farmacológicas, os modelos quantitativos têm um papel decisivo na exploração de novas modalidades de tratamento do câncer”, descrevem os autores.

“O papel principal da modelagem matemática no futuro não será apenas descrever o que é conhecido, mas também apontar lacunas em nossa compreensão de quais interações complexas conduzem o crescimento do tumor, a dinâmica do tratamento e a evolução da resistência”, concluem.

O tema é tão relevante no meio científico que existe o termo “oncologia matemática”. A Fundação de Pesquisa de Câncer de Mama dos Estados Unidos tem até um grupo de projetos para aplicar ferramentas matemáticas para entender melhor o câncer, da sua evolução às particularidades de cada tipo. 

Não há dúvidas de que a evolução da vida humana não seria a mesma sem a matemática. E para seguir em desenvolvimento, vencendo o câncer e outras doenças que acometem milhares de pessoas todos os anos, é a partir dela que muitas respostas serão reveladas.