Professora leva Mentalidades Matemáticas para o interior da Bahia

30 de junho de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

O Programa Mentalidades Matemáticas atinge um número cada vez maior de professores brasileiros. Seja pelas formações ou pelos seminários promovidos pelo Instituto Sidarta, pela plataforma Youcubed e pelos livros da professora da Universidade de Stanford, Jo Boaler, o ensino de uma matemática aberta, visual e criativa tem ganhado espaço. Aqui no blog, temos contado essas histórias. Hoje, vamos até Tapiramutá, na Bahia, cidade próxima ao Parque Nacional de Chapada Diamantina, para conhecer Janaína Barros.

Um encontro de propósitos

Formadora do Instituto Anísio Teixeira, Janaína assistia a uma oficina de práticas de sala de aula quando a professora explicou alguns conceitos de Mentalidades Matemáticas. Seu interesse acendeu. “O que mais me chamou atenção foi a valorização do erro, visto como uma possibilidade, uma hipótese”, recorda-se. Ao chegar em casa, buscou na internet os livros de Jo Boaler. Comprou dois: Mentalidades Matemáticas e Mentalidades Matemáticas na sala de aula.

Formada em Pedagogia pela Uneb (Universidade Estadual da Bahia), Janaína já tinha a discussão sobre o erro como uma oportunidade de aprendizagem presente em seu trabalho com a língua portuguesa, sobretudo nas aulas de sistema alfabético de escrita. Entretanto, em matemática não tinha a mesma profundidade, principalmente com objetos da matemática considerados difíceis, como fração e divisão. 

Mentalidades Matemáticas na Bahia

Para aplicar a abordagem Mentalidades Matemáticas na formação de professores da rede pública de Souto Soares e Tapiramutá, Janaína começou a se aprofundar nos conceitos de Jo Boaler. O passo seguinte foi incluir o que aprendeu na sala de aula. “Queria muito que os professores se sentissem bem com aquele conteúdo, que também incorporassem a ideia de que o erro não é mais do que parte da construção do conhecimento. Mas era muito importante também eles se darem conta do erro, onde estava e o por quê”, relembra.

Sua primeira turma de formação foi em 2017 e ela se concentrou em entender as principais dificuldades dos participantes, professores da rede pública do Ensino Fundamental 1. Usou três perguntas para o debate: O que sei que poderia colaborar com outro colega? O que não sei e gostaria de aprender? O que sei pouco tanto para colaborar com outro colega quanto para ensinar? Percebeu que as maiores dúvidas estavam nas discussões sobre fração, multiplicação e divisão. Em sua avaliação, os desafios dos alunos na escola eram os mesmos dos professores na formação.

O impacto da formação de professores nas salas de aula

O trabalho de Janaína com cerca de 90 professores começou a repercutir nas salas de aula. Para a formadora, os estudos com frações foram os mais impactados porque os livros didáticos geralmente ensinam o tema com pizzas, mas na obra de Boaler a sequência de trabalho auxilia a ver fração em qualquer coisa. “No final do livro, um capítulo fala de como a matemática está em casa. Em vez de deveres com atividades de sistematização com cinco, dez cálculos, passamos a ajudar os alunos a entender como alguns objetos de conhecimento estavam em casa mesmo”, diz.

Os estudantes mediram fogão, geladeira, reconheciam arestas, vértices dos objetos de casa. Encontravam frações em embalagens de arroz ou feijão, no litro do leite, quando a mãe dividia o bolo. Entendiam como forma de representar a quantidade, e não só parte da quantidade. Segundo Janaína, começaram a pensar a fração como número que ajuda a representar as coisas do dia a dia, e não como algo presente só na escola ou nas receitas. 

Alunos engajados

Taciana Alves da Silva, coordenadora de Ensino Fundamental 1 em quatro escolas de Tapiramutá, comenta o impacto que as formações de Janaina tiveram entre os alunos da região. Para comparecer ao encontro, os professores se ausentavam por um dia. Quando voltavam, os alunos ficavam ansiosos para saber as novidades, perguntavam quais atividades criativas e visuais de matemática poderiam desenvolver. Ao perder o medo e ganhar confiança, o talento artístico de alguns alunos apareceu. Um grupo de estudantes gravou uma música sobre como é bom aprender matemática e a importância de persistir e se esforçar frente às dificuldades e erros. Ouça a seguir:

 

E as formações em matemática alcançaram outras disciplinas. Em uma atividade de língua portuguesa, os estudantes deveriam produzir suas próprias poesias. O tema era livre e Priscila Almeida Lima, na época no 4º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Elenivo Souza Oliveira, decidiu escrever o poema “Matemática é diversão”. Ela tinha muita dificuldade com a matéria, mas após aprender de uma maneira diferente, a matemática transformou-se em sua disciplina preferida. Leia abaixo o poema da aluna.

Matemática é diversão

Gosto de estudar 

Estudo para valer…

Meus deveres são tão caprichados 

que todos (a) gostam de ver

Amo matemática!

Aprender brincando é legal!

Contar, somar, dividir

E trabalhar com números ou decimais

Matemática, grande amiga!

É só pensar com atenção

Problemas, fatos e dados

Hoje, estudar é uma diversão. 

Ambiente motivador

Com o sucesso das aulas e a receptividade dos alunos, as escolas também mudaram. Antes decoradas com animais e flores, passaram a ter a matemática nas paredes: números, formas geométricas e muitas cores, como indicado por Jo Boaler.

As mudanças na forma de ensinar ainda provocaram outras discussões, como a de gênero e o empoderamento das professoras de matemática. Os diretores das escolas também criaram projetos para incluir meninas com notas baixas. 

Janaína trabalhou diretamente com professores até 2018, quando voltou a se dedicar à formação com coordenadores e diretores de escolas. “Não sou formada em matemática, então fiquei muito próxima dos professores, estudamos juntos. Este livro [Mentalidades Matemáticas] traz uma abordagem de aprendizagem diferente do que há nos livros didáticos, uma forma inovadora de trabalhar o pensamento do aluno e do professor. Boas ideias às vezes ficam só no discurso pedagógico, mas este livro entra na sala de aula”, avalia.

Se você também aplica Mentalidades Matemáticas na sua sala de aula, conte sua história para a gente. Mande uma mensagem aqui pelo site. As mudanças na sua forma de ensinar podem inspirar outros professores! Ou, se quiser saber como levar essa abordagem de ensino para outras regiões da Bahia ou de qualquer outro lugar do Brasil, clique aqui e conheça a Rede MM. Vamos começar essa revolução?


Mentalidades Matemáticas

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