Mentalidades Matemáticas transforma vida de professora em Fortaleza

16 de abril de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

A professora de matemática Keila Leitão, de Fortaleza (CE), sempre teve dificuldade para responder uma pergunta de seus alunos: “por que estudar matemática?”. Sem encontrar uma justificativa inspiradora, preferia dizer que era “para passar de ano”.  Até que um dia, pesquisando na internet, encontrou um vídeo de Jo Boaler, professora da Faculdade de Educação da Universidade Stanford (EUA) e idealizadora do programa Mentalidades Matemáticas. 

O vídeo Introdução à ciência do cérebro foi gravado durante o 1º Seminário do Mentalidades Matemáticas, em 2018. Nele, Jo Boaler fala dos estudos em neurociência que desmistificam a ideia de que a matemática é um dom ou existe um “cérebro matemático”. Ela afirma que com a mentalidade de crescimento – quando a pessoa acredita que seu desenvolvimento cerebral depende de seu esforço –,  todos podem aprender a disciplina. Keila assistiu ao vídeo três vezes seguidas. E algo mudou.

Era início de 2019 e durante as férias leu o livro Mentalidades Matemáticas, escrito pela professora de Stanford. Na volta às aulas, começou a introduzir a abordagem com seus alunos do ensino médio na escola profissionalizante Mário Alencar, em Fortaleza. Fez uma avaliação diagnóstica e, após os resultados, deu uma aula sobre os mesmos temas do vídeo que foi sua inspiração. “Muitos alunos se emocionaram, alguns choraram, porque viam na disciplina uma barreira e acreditavam que jamais seriam capazes de aprender”, recorda-se.

Mentalidades Matemáticas em Fortaleza

Como contou sua aluna Kaylane de Sousa: “Sempre foi muito doloroso ser uma das piores alunas, tirar as notas mais baixas e ouvir dos pais e dos professores que não tinha nascido pra matemática”. Keila afirma que a partir do Mentalidades a aluna se sentiu motivada a aprender e prometeu se esforçar. Meses depois, em uma das aulas, Kaylane foi à lousa para explicar e ajudar uma colega a encontrar a solução de uma tarefa. Ao final, abraçou a professora, agradecida. As duas participaram de um vídeo da Secretaria de Educação do Ceará.

Para Keila, é transformador experimentar novas práticas de ensino. A mudança começou na sua postura como docente, rompendo barreiras de comunicação com seus alunos ao praticar e estimular a mentalidade de crescimento. “É uma jornada contínua e gradual. As minhas aulas passaram a trazer muitos recursos visuais, discussões coletivas sobre a construção de conceitos matemáticos, estudo de padrões, e principalmente, o respeito ao erro, considerado como oportunidade de aprendizagem”, diz.

A professora mobilizou jovens, professores e direção para criar um laboratório de matemática na escola. Em pouco tempo, as paredes expunham painéis sobre fractais, conceitos de geometria e mensagens sobre esforço e neurociência. Sobre as mesas, triângulos, cubos e outros objetos manipuláveis. Os estudantes participavam do projeto aos sábados inclusive. Keila conta que uma aluna pediu para levar o livro Mentalidades Matemáticas para sua casa e os pais visitaram o laboratório para conversar sobre seu conteúdo. Acabaram participando de uma atividade.

Mudanças na prática

Utilizando a abordagem criada por Boaler e os materiais do Youcubed, seus alunos alcançaram resultados expressivos. Na Olimpíada Canguru de Matemática Brasil, obtiveram uma medalha de prata, uma medalha de bronze e sete menções honrosas. No final do primeiro semestre de 2019, 11 alunos do 3º ano do ensino médio passaram no vestibular da Universidade Estadual do Ceará. E no final do ano, com as notas do ENEM, 80% dos estudantes ingressaram no ensino superior.

No final de 2019, ao apresentar-se em um seminário para professores sobre práticas exitosas em sala de aula, ouviu uma pergunta que atiçou sua mentalidade de crescimento: “Isso é aplicável em uma escola regular?”. Parecia dizer que trabalhar em uma escola profissionalizante era mais fácil ou que a abordagem não funcionaria em outro lugar. Não teve dúvidas. Foi conversar com o diretor para pedir sua transferência. Ele tentou dissuadi-la, apontando a necessidade de continuidade do projeto e seus bons resultados. Keila foi irredutível, precisava enfrentar o desafio. O diretor resignou-se: “matemático gosta de problemas mesmo”.

Alunos da professora Keila acumulam bons resultados, como medalhas em olimpíadas de matemática

Em seu novo desafio, com alunos do ensino médio de uma escola regular, reforçou algumas estratégias, como a criação de um laboratório de matemática. Organizou aulas aos sábados e uma sala de atendimento para dúvidas na disciplina no contra turno. “É incrível a experiência de aplicar Mentalidades Matemáticas em outra realidade. A escola anterior era em tempo integral. Agora o desafio é bem maior, pois temos uma carga horária muito menor, mas o envolvimento dos alunos já é muito satisfatório”, afirma

Além da nova escola, Keila ingressou na equipe de formadores de professores de matemática da rede pública, em uma parceria entre a Secretaria de Educação do Estado e a Universidade Federal do Ceará (UFC). Os encontros mensais têm foco na aprendizagem e discutem os principais conceitos da abordagem. E ela já tem um próximo projeto: “Quero criar um canal de YouTube para que as mensagens de Mentalidades Matemáticas cheguem a mais professores, inclusive da rede privada”.

Gostou de conhecer a história da Keila e como ela levou o Mentalidades Matemáticas para Fortaleza? Além dela, tem educadores espalhando a abordagem por todo Brasil. Conheça a Rede MM e veja como levar o programa para a sua escola também!


Mentalidades Matemáticas

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