Colecionando Práticas: onde você encontra a matemática fora da sala de aula?

19 de abril de 2021

Atualizado em: 22/12/2023

Relato de Susy Nagaki, professora de matemática do Colégio Sidarta, escola de aplicação do Instituto Sidarta

Os alunos de 1º a 3º ano do Colégio Sidarta comemoraram o Dia Internacional da Matemática, na semana do dia 15 a 19 de março. Foi um evento promovido pela pela UNESCO que contou com a participação de 110 países. As crianças foram convidadas a investigar a matemática fora da sala de aula. Elas  ficaram muito curiosas com a proposta. A atividade realizada foi a “Caça ao tesouro matemático”,  disponível no site Mentalidades Matemáticas

Mas não foram só as crianças que tiveram a oportunidade de curtir a atividade. A equipe de Mentalidades Matemáticas se reuniu anteriormente para vivenciar a proposta, como aprendizes de matemática. Essa é uma prática importante para entender as potencialidades de uma atividade a ser realizada com os estudantes.

Como sempre, as crianças nos mostram como são potentes e questionadoras. Organizamos esta proposta em três dias, foram dois dias de vivência e no último dia socializamos as ideias e as principais aprendizagens. Os alunos que estavam no modelo EaD também tiveram a oportunidade de participar.

Neste jogo, não havia ganhadores. O objetivo era: cooperar, se divertir e enxergar a beleza da matemática em nosso dia a dia (Prática de Mentalidade Matemática 2 – Natureza da Matemática). A atividade sugerida, continha uma lista de itens que precisavam ser buscados pelas equipes pela escola e ou em casa:

1 – Círculos dentro de outros círculos;

2- Um grupo de coisas semelhantes, organizado por tamanho;

3 – Objetos com formas geométricas interessantes;

4- Algo da natureza com formas bem geométricas;

5- Um grupo de coisas tão numeroso que é difícil de ser contado;

6- Um design feito com formas geométricas uma ao lado da outra sem deixar espaços; 

7 – Algo que tenha superfície plana e bordas retas, sem curvas.

Para que os objetivos fossem claros para os alunos, fiz um cartão de atividade contendo as instruções e as normas do jogo (conversar e decidir; ninguém termina enquanto todos não terminam; e participar e colaborar).

As crianças ficaram muito empolgadas com a proposta oferecida. Criamos grupos com no máximo 5 crianças para que todos tivessem a oportunidade de participar da atividade. Em equipes, as crianças procuraram os tesouros no espaço escolar e os mostravam uns para os outros para decidir se eram tesouros ou não. O trabalho em grupos colaborativos reforçam a Prática de Mentalidade Matemática 4 – Conexões e Colaborações. Haviam discordâncias em alguns momentos, mas os alunos do 3º ano se atentaram às normas: “Pessoal, precisamos conversar e decidir para chegar ao consenso”, expliquei. Convidei as crianças do 1º e 2º para decidir em grupo, e pedi para que defendessem seu ponto de vista para os demais membros da equipe.

Alunos do 3º ano decidindo juntos se esta tampa poderia ser considerada “Círculos dentro de outros círculos”. O grupo decidiu que não poderia ser considerado, pois não haviam círculos dentro do círculo apontado.

Na turma do 1º ano, nós professores lemos as instruções e combinamos as normas com as crianças. Nesse momento um aluno percebeu: “Então todo mundo tem que pensar junto, não é?”. Já nas turmas de 2º e 3º, a leitura foi realizada pelos próprios alunos. Todos queriam ler um pouco, então organizaram o momento da leitura de modo que cada um  pudesse ler um pouco: “Eu leio esse tesouro agora. Posso? Aí alguém pode ler o próximo”.

Aluna do 2º ano lendo para a sua equipe.

Na busca pelos tesouros, algo que foi muito marcante foi a reflexão dos alunos em relação à matemática. Por exemplo, uma aluna do 3º ano comentou: “E eu achava que matemática era só os números, olha a nossa escola! Quanta matemática tem”. Outro aluno complementou: “Tudo é matemática, a natureza, os materiais que nós usamos, a escola, o trabalho, o jogo…”,

A atividade possibilitou muita criatividade e argumentação. A observação da área externa da escola fez com que os alunos buscassem a matemática por toda a parte. A turma do 1º ano, estava procurando o item “um grupo de coisas tão numeroso que é difícil de ser contado”. Eles iniciaram a contagem das pedras e verificaram que era algo difícil de ser contado. O grupo chegou, então, à conclusão que haviam encontrado o tesouro.

Alunos do 1º ano comprovando sua hipótese.

No último dia de vivência, fizemos uma apreciação dos tesouros encontrados por cada equipe e conversamos sobre a experiência. As crianças tiveram a oportunidade de apresentar seu ponto de vista e ouvir novas ideias de outra equipe. Um aluno do 2º ano, após ouvir uma observação de sua amiga, comentou: “Nossa, eu não tinha visto isso no dia em que achamos esse tesouro!”. Foi um momento rico em aprendizagem. Perguntei para os alunos o que eles aprenderam dessa experiência. Veja alguns relatos:

“Eu percebi que a matemática está na natureza, no formato das folhas.”

“Eu vi a matemática no nosso parque.” 

“Eu aprendi a trabalhar com a minha equipe, porque a gente conversava e decidia junto.”

“Eu consegui ver que a matemática estava mesmo em toda parte. Olha quantas fotos a gente conseguiu tirar, é porque encontramos muitas coisas mesmo.”

“Eu brinco todo dia no parque, mas hoje eu observei as formas geométricas tipo, o círculo na escalada, os triângulos no brinquedo, tinha até cilindro na gangorra.”

Mas a atividade não acabou por aí. Passado um mês da aplicação desta atividade, ouço uma conversa entre duas alunas do 1º ano: “Vamos brincar daquela brincadeira de caça ao tesouro? Quero ver quem encontra um triângulo aqui.”. Foram dias incríveis, com muitos momentos de troca, engajamento, trabalho em grupo, colaboração e principalmente uma matemática aberta, criativa e visual.

Fechamento da semana da matemática no Colégio Sidarta.
Fechamento da semana da matemática no Colégio Sidarta.

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