Site do Itaú Social destaca resultados do Mentalidades Matemáticas

Atualizado em: 04/01/2024

“Em vez de ensinarmos para uma criança quanto é 20 + 20, talvez a pergunta a fazer seja: de quantas formas diferentes você consegue chegar ao 40?” A fala da presidente do Instituto Sidarta, Ya Jen Chang, exemplifica a abordagem Mentalidades Matemáticas (MM). Ao invés de levar os alunos a decorarem fórmulas genéricas, o programa defende a participação ativa. E foram esses e outros diferenciais do programa que Ya Jen abordou em uma entrevista ao Itaú Social. Ela destacou o sucesso da aplicação do MM no Brasil pelo Sidarta e ainda discutiu o cenário atual do ensino da matemática. Veja mais a seguir:

Matemática multidimensional

Por meio do MM, os professores trabalham com multidimensões, e é aí que entram, por exemplo, os recursos visuais, muito utilizados pelo método. “Essa matemática multidimensional é mais relevante para o nosso cotidiano”, pontuou Ya Jen na entrevista. 

Um exemplo prático da abordagem multidimensional é a pergunta do 20 + 20 sugerida pela educadora. Ao trocar o questionamento pelo resultado por outro que instigue o aluno a pensar em novas possibilidades – de quantas formas diferentes você consegue chegar ao 40? – tem-se um desafio, e não uma memorização de fatos e procedimentos. No MM, o exercício é voltado à mente do pensador matemático.

Público x privado

A reportagem também trouxe os dados mais recentes do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que mostrou que mais de 68% dos alunos brasileiros têm conhecimento em matemática abaixo do básico. Na visão de Ya Jen, esses dados mostram que o problema da não aprendizagem da matemática perpassa por todas as classes sociais. 

“Precisamos da tecnologia mais moderna que existe na sala de aula, que é o cérebro do professor. Temos que investir na formação do educador, como subsídio para que ele possa ter uma vivência positiva com a matemática. É preciso trabalhar também com o pensamento mais profundo sobre a matemática para que ele possa, então, oferecer isso aos seus alunos”, argumentou.

Professores de todo o Brasil têm à disposição, de maneira gratuita e online, recursos para conhecer a abordagem e aplicá-la na sala de aula. Para dar os primeiros passos, uma dica é acessar o Guia Interativo Digital – Introdução ao Programa Mentalidades Matemáticas Brasil, que apresenta a abordagem e reúne atividades. O Youcubed e o canal do MM no YouTube também reúnem materiais que podem ajudar.

Aposta nas crianças

Mais um destaque da entrevista de Ya Jen ao Itaú Social foi sobre os impactos do Mentalidades Matemáticas nas crianças. Segundo ela, para colocar a abordagem em prática, o ponto de partida é acreditar que todas as crianças podem aprender matemática em altos níveis. Isso implica em enxergá-las além de seres humanos, mas também como seres matemáticos. A educadora ressaltou que, na história, a lógica matemática antecede até mesmo a linguagem. Portanto, todos podemos aprendê-la. Para quem não acredita, um exemplo prático: “Você atravessa a avenida Paulista em zigue-zague? Não, ninguém faz isso. Isso é conceito de matemática, a reta é o traçado mais curto entre dois pontos”. 

O resgate dessa capacidade é um dos objetivos do Mentalidades Matemáticas, e já existem resultados que sustentam o conceito de que todos são capazes de aprender matemática. Ya Jen destacou o saldo do Curso de Férias de MM no Brasil, realizado em 2020: crianças do quinto ano que participaram da iniciativa tiveram um avanço equivalente a 1,3 ano de escolaridade em apenas dez dias.

Para mudar as estatísticas do PISA o caminho é longo, mas os primeiros passos, estes já estão dados.

Leia a entrevista da educadora na íntegra na página do Itaú Social clicando aqui.