Pequenos matemáticos: como aprender desde cedo?

17 de novembro de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

Desde cedo, pais ensinam seus filhos a contar, acreditando que os números são a primeira relação da criança com a matemática. Para os profissionais do Programa Mentalidades Matemáticas, há um universo de atividades concretas e visuais a ser explorado, brincadeiras para reconhecer padrões e classificar objetos. Matemática também é música, contar histórias, cozinhar e ser um pequeno cientista. É momento de divertir-se e estimular a curiosidade. E em meio a tantas possibilidades, para saber quais atividades de matemática para educação infantil podem contribuir com o aprendizado, primeiro, vamos entender o que acontece lá dentro da cabecinha dos pequenos.

O cérebro na infância

Até os 5 anos, o cérebro vive um intenso desenvolvimento e fortalecimento de rotas neurais. Os primeiros mil dias de vida são um período de máxima plasticidade cerebral. No caso da matemática, estudos afirmam que bebês de 8 meses já tem intuição estatística e podem prever a probabilidade de um evento futuro (link, em inglês). Outras pesquisas em neurociência indicam que crianças desenvolvem conhecimento matemático antes da escolarização.

Para Telma Scott, formadora do Programa Mentalidades Matemáticas, é possível ensinar os princípios da matemática precocemente. Ela faz uma analogia com o português. A criança balbucia sons, fonemas e com o tempo aprende a falar e a entender os sentidos das palavras. Na matemática é o mesmo, ela está presente na vida da criança o tempo todo, em uma fila de carrinhos, em bolas agrupadas por cor, ao empilhar blocos, ao encaixar ou tampar objetos. Sempre estimulando a brincadeira, a criança desenvolve a memorização, a noção de espaço e atenção. “A matemática está presente no cotidiano da criança, mas aprender números, quantidades e grandezas, é tarefa da escola”, diz Telma.

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Imagem: Pixabay

Estudos apontam que até os 5 anos, o cérebro ainda não está preparado para certas abstrações. “É um grande salto quando você associa um símbolo, como um número, a uma quantidade. É como aprender a falar, outro grande salto na vida da criança”, afirma Priscila de Carvalho Okino, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Sidarta. Segundo ela, a criança repetir uma sequência de números não quer dizer que entendeu a relação com a quantidade, ou o que vem antes ou depois. 

A matemática é atravessada por outras disciplinas. Histórias estimulam a imaginação e a criatividade da criança, que futuramente serão fundamentais para a abstração na matemática. A arte estabelece padrões de formas e cores, e a música trabalha padrões rítmicos, memória e o corpo, quando a criança dança e bate palmas. 

Na escola

Chega o momento de frequentar a educação infantil – de 4 anos a 5 anos e 11 meses. A escola é o lugar da socialização, do desafio, da curiosidade, onde a criança aprende a pensar por si e desenvolve novas habilidades. “No Colégio Sidarta, temos uma proposta de investigação interdisciplinar da matemática, que incentiva a lógica e o raciocínio em uma relação concreta com os materiais” explica Priscila.

Já na educação infantil, as crianças têm contato com os conceitos do Programa Mentalidades Matemáticas. O trabalho em grupo de Rachel Lotan pode ser utilizado a partir dos 5 anos. “Nessa idade, já conseguem internalizar os papéis do trabalho em grupo, começam a aprender a escutar, entender a estratégia do colega e cooperar. Ensinamos as habilidades de socialização, pois o trabalho em grupo é para toda a vida”, considera Telma. 

É introduzida também a questão do erro como ferramenta pedagógica para a aprendizagem. Segundo Telma, é um conceito facilmente incorporado, afinal as crianças tentam e erram muito, falam errado e aceitam os equívocos com naturalidade. Telma lembra que o problema são pais que corrigem o tempo todo. Os adultos também devem evitar mensagens negativas e rótulos sobre suas experiências e crenças, como “nunca fui bom de matemática”. 

Atividades de matemática para educação infantil

A contagem com os dedos não é tabu, ao contrário, é incentivada, porque reforça a importância da matemática visual e a relação entre aprendizagem e o corpo. Neurocientistas investigaram a área somatossensorial do cérebro, que lida com a percepção e a representação dos dedos, e apontaram que o desenvolvimento cerebral no aprendizado de matemática passa pela contagem e o reconhecimento de cada dedo. Priscila afirma que se pode ensinar sem seguir a ordem tradicional, identificando seus nomes e apelidos. Ela recomenda as atividades twister dos dedos, o dedoche e cantar músicas que envolvam polegares e dedinhos.

Atividade Twistter de Dedos é uma forma                      visual de ensinar matemática

Telma recorda visita a uma escola no Canadá onde as crianças arrancavam ervas daninhas de um gramado e selecionavam as raízes de acordo com o tamanho e a espessura. Pode-se também classificar diferentes tipos de folhas pelo tamanho e formato. Há desafios de lógica, como contar quantos alunos estão na sala e quantos faltaram. Outras atividades para desafiar as crianças é procurar formas geométricas no cotidiano, padrões e repetições. Fazer bolinhas de massa de modelar e criar um círculo respeitando uma ordem de cores mistura habilidades.

Pequenos cientistas

No processo de investigação do cotidiano, as crianças participam de aulas de culinária no Colégio Sidarta, onde veem a transformação dos ingredientes, o peso, o valor e a comparação das medidas. É uma atividade interdisciplinar que envolve química, física, português, biologia e matemática. As crianças buscam os ingredientes na horta, lavam, cortam – manipulando facas sem ponta – acertam as medidas, assam e chegam à melhor parte: comer. Que tal fazer um bolo de forno ou caneca, uma gelatina ou biscoito com seu filho, na pandemia? 

É possível incentivar o cientista que existe em cada criança. Diante da pergunta “como os passarinhos voam?”, um grupo da educação infantil debateu e concluiu que voam porque “saltam do chão”. A professora perguntou como poderiam comprovar. As crianças criaram uma estratégia de investigação, percorrendo a área externa do colégio para assistir às aves. 

Outro grupo opinou que passarinhos tinham um motor sob as asas. Como comprovar, já que é impossível agarrá-los? Um aluno teve a ideia de procurar na internet. Todos foram à sala de computadores e assistiram a vídeos. Mesmo depois de um vídeo de anatomia do voo, os alunos continuavam convencidos de que os motores existiam. “Nesse primeiro momento, destacamos muito mais o processo do que o resultado, o importante é ouvi-los e não apenas encontrar soluções corretas.” 

É possível reconhecer os números do cotidiano, como os da casa ou apartamento, da placa do carro. Mas conhecer grandezas e quantidades é uma atividade escolar. A matemática está em todo lugar e é muito divertida. E o melhor é aprender essas primeiras noções fundamentais sorrindo e brincando com sua mãe ou seu pai. Quer algumas ideias? Confira sugestões de atividades de matemática para educação infantil no Youcubed e incentive seu pequeno matemático.


Mentalidades Matemáticas

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