Desafio aos olhos, ‘Arte ótica’ é explicada pela matemática

Atualizado em: 22/12/2023

O site Youcubed oferece atividade relacionada à corrente artística

Um quadro de “arte ótica” é surpreendente. Como podem as formas se movimentar se isso é uma pintura? Qual seu segredo? A matemática e a física têm a resposta. Os artistas estudam a relação entre luz, cores e geometria para criar obras que enganam nosso cérebro. Basta o observador se mover para despertar a vibração das linhas. Conhecer essa corrente artística é uma excelente oportunidade para aprofundar os estudos sobre padrões geométricos. 

É uma experiência que demonstra como funciona a visão. As obras sugerem a ideia de movimento e vibração por meio de diferentes efeitos, como a associação e sobreposição de cores, ondulações, interação entre o foco principal e o fundo. Elas dependem da posição do observador, isto é, dependem da relação com a luz, que muda à medida que o espectador se locomove. Mesmo no computador, ao movimentar a tela, as obras parecem pulsar.

O termo “arte ótica” (Em inglês “Op art” – abreviação de “Optical Art”) surgiu em 1964 em uma reportagem da revista americana “Time”, mas se propagou um ano depois com a exposição The Responsive eye (O Olho que responde, em tradução livre) no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova Iorque, a primeira dedicada às vertentes artísticas que utilizavam ilusões óticas. Os críticos da época questionaram se as obras estavam mais próximas da ciência que da arte ou tratavam-se de pequenos truques para enganar os olhos. Já o público gostou da experiência e o evento teve boa aceitação.

Essencialmente ligada à arte abstrata, a “Op art” utiliza, predominantemente, formas geométricas, como o quadrado, o retângulo, o triângulo e o círculo. No início, o contraste entre o preto e o branco dominava a inspiração dos artistas. As formas geométricas eram simples, seguiam padrões de linhas construídos matematicamente e utilizavam as teorias da física e psicologia dos anos 1960. 

Diferentemente de outras correntes artísticas, não existe um manifesto para defender seus conceitos. Além das características estéticas em comum, alguns de seus expoentes defendiam uma arte com “menos expressão e mais visualização”. Mesmo considerada racionalista e associada às ciências, traduzia o ritmo de vida nas grandes cidades e as transformações da sociedade no período.

Suas principais obras datam dos anos 1960 – 1980, mas o pintor húngaro Victor Vasarely (1908-1997) é considerado seu precursor, com as primeiras obras expostas na década de 1930. Os primeiros quadros da pintora inglesa Bridget Riley foram em preto e branco, mas a partir de 1965, ela foi a primeira a iludir os olhos com cores. Jesus Rafael Soto é o maior expoente dessa corrente na América Latina. No Brasil, destaca-se o pintor escultor Luiz Sacilotto, que conta com um museu próprio na cidade de Santo André, São Paulo.

Arte ótica no Youcubed

Muitos matemáticos definem a disciplina como um estudo de padrões estético, criativo e belo. Isso porque seu raciocínio baseia-se no processamento visual cerebral. Estudos de neurociência comprovam que ao fazer cálculos ativamos duas vias visuais no cérebro. Segundo essas pesquisas, utilizar imagens, desenhos e manipular objetos são importantes ferramentas de aprendizagem de matemática. 

O Youcubed – plataforma online do Programa Mentalidades Matemáticas – tem uma atividade sobre essa “opt art” que desafia os alunos a criar ilusões óticas e propor questões matemáticas. Com os três exemplos abaixo, quais são os padrões geométricos que criam uma ilusão?

Para criar seu próprio padrão geométrico, utilize a folha com uma grade de 100 quadrados desenhados (imprimir a folha no link “atividade”). Podem ser quadrados, triângulos, retângulos, como nas imagens acima. Recomenda-se usar uma régua e experimentar desenhos diferentes.

“Esta atividade requer o uso de recursos pouco elaborados, como papel quadriculado e lápis e permite que os alunos usem a criatividade para a criação de padrões. Assim, podem visualizar, sem o uso da linguagem formal, relações que não ficam tão evidentes apenas com números. Isso favorece a ideia de que muitas coisas na matemática podem ser representadas visualmente e de diferentes maneiras” afirma Carol Piaia, coordenadora do Programa Mentalidades Matemáticas.

Com os desenhos prontos, os alunos devem compartilhá-los para descobrir se enxergam uma ilusão de ótica. Para terminar, o professor pode provocar o debate entre os alunos perguntando se conseguem identificar quadriláteros diferentes e se conseguem ver padrões em seu desenho. 

Matemática e arte se encontram em vários momentos. Levar esses exemplos para a sala de aula é uma forma de inspirar os alunos e de mostrar a beleza da matemática e as possibilidades que ela tem.