Profissões matematizadas podem contribuir com R$ 1 trilhão por ano para a economia

24 de agosto de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

Aprender matemática visual e criativa é caminho para explorar esse potencial

Chega o momento de aprender equações. Os alunos podem ficar apreensivos ao conhecer esse universo de incógnitas. O que significa realmente descobrir o valor de x, y, n? E muitos perguntam: qual será a utilidade disso para o meu futuro? A matemática está presente em inúmeras atividades econômicas e ganha cada vez mais importância na era da internet. Estudar equações é o ponto de partida para entender como funciona a economia. 

Maitê Salinas e Fernando Trevisani aplicaram uma atividade de álgebra unindo os alunos do 7º ano com os da 1ª série do Ensino médio do Colégio Sidarta, escola de aplicação do Instituto Sidarta, para que eles pudessem discutir como poderiam descrever padrões.

“O conteúdo algébrico no 7º ano é razoavelmente denso, é um ano em que a abstração começa a ser muito mais presente na matemática dos alunos, por isso eu sempre considerei um marco na vida deles. Procuro ter muito cuidado para garantir que eles se sintam potentes, em um ambiente seguro de aprendizagem.” afirma a professora de matemática do Ensino Fundamental Maitê Salinas.

Ela considera que é um passo definitivo no universo do x, y e n, o que pode causar insegurança e por vezes afastar os alunos. Assim, ela introduz a discussão cuidadosamente, para que se sintam confiantes para explicar suas estratégias e conjecturas. 

“Uma das relações da matemática com a economia é gerar dados do mundo real, que são interpretados e analisados para estabelecer previsões que ajudem na tomada de decisões. Se uma indústria quer fabricar um produto, precisa calcular quanto investir e tentar prever o quanto produzir, vender e lucrar” afirma o professor de matemática de Ensino Médio Fernando Trevisani. Esse é o sentido de estudar os padrões e as generalizações das equações. Para os matemáticos, essas questões se transformam em incógnitas e variáveis que auxiliam a entender resultados recentes e fazer estimativas.  

E essas incógnitas valem trilhões. O matemático Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), perguntou em sua coluna na Folha de S.Paulo: “quanto vale o conhecimento matemático em dinheiro?” Com o título “Matemática rende uma reforma da Previdência por ano”, Viana apresenta estudos em países e aplica os dados ao Brasil. “Reino Unido, França, Holanda e Austrália realizaram estudos técnicos para quantificar a contribuição da matemática às suas economias. As conclusões foram análogas e impressionantes: de 10% a 11% dos empregos estão em profissões com forte conteúdo matemático, e essas atividades geram de 13% a 16% do PIB (produto interno bruto) desses países. Traduzido para o Brasil, significa que a matemática pode somar R$ 1 trilhão (por ano!) à nossa economia”, afirmou o diretor do IMPA. 

Mas como explorar esse potencial? Viana defende que a matemática se torne protagonista no sistema educacional, melhore o diálogo entre o meio acadêmico e o empresariado e que pesquisa e as aplicações de matemática sejam promovidas. “Há anos, a comunidade científica insiste que gasto em ciência não é custo, é investimento. Não conheço outro com retorno de R$ 1 trilhão. Você conhece?”, conclui. Como comparação, a Reforma da Previdência buscava economizar R$ 1 trilhão, em dez anos.

Matemática visual se torna mais criativa e interessante

É hora de repensar a forma como a matemática é ensinada. O Programa Mentalidades Matemáticas propõe uma nova abordagem com base em estudos da neurociência para ser aplicada em sala de aula. Voltemos às equações do primeiro parágrafo. Como fazer os alunos perderem o medo das letras mágicas x, y, n?

A matemática visual pode simplificar o caminho entre o concreto e a abstração. Atividades do Mentalidades Matemática, como “Círculo Mania”, disponível no Youcubed, utilizam formas, cores e estudo de padrões para os estudantes compreenderem profundamente estes novos conceitos. O exercício permite até debates sobre economia com alunos do Ensino Médio.

“’Círculo Mania’ é uma atividade ampla, relacionada a diferentes habilidades da BNCC (Base Nacional Curricular Comum), como compreender a ideia de variável; classificar sequências; utilizar simbologia algébrica para expressar regularidades em sequências numéricas; reconhecer duas expressões algébricas para descrever a regularidade de uma sequência numérica, entre outras”, avalia Maitê Salinas, professora do Colégio de Aplicação Sidarta.

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Começa com a análise de padrões a partir da sequência de imagens acima. Os estudantes são estimulados a explorar diferentes maneiras de crescimento, usando cores, formas e números. Depois, são desafiados a encontrar fórmulas para prever o que aconteceria com a imagem em casos futuros. Como seria no 10º caso? E no 100º? É nesse momento que o padrão visual se transforma em fórmula, o concreto passa para a abstração. O visual extrapola a folha, e só a equação responde a questão. Refletindo sobre os padrões, os estudantes se envolvem com o conceito da generalização, fundamental em álgebra. 

“Ao unirmos 7º ano e 1ª série do Ensino médio sabíamos que as ferramentas que cada grupo possuía era bem diferente. Neste caso, pelo desenvolvimento de expressões algébricas e aplicações de funções, os alunos da 1ª série do EM já haviam vivenciado muito esses conceitos, então, inicialmente já aplicaram procedimentos algébricos, por outro lado, os alunos do 7º ano não tinham todas essas ferramentas mais específicas, então, buscaram outros caminhos, eles percebiam padrões a partir de novos desenhos, relacionaram com quantidades concretas, demonstrações visuais e muitas cores como um código para representar o que estavam percebendo. Foi muito interessante o reconhecimento e a valorização disso pelo alunos do Ensino médio, que puderam comprovar visualmente a função que foi gerada, tornam a aprendizagem ainda mais significativa.” afirma, Maitê. Abaixo, duas soluções desenvolvidas por alunos (fotos no fim do texto).

Analisando os desenhos, é possível perceber como encontraram os padrões de crescimento e, na segunda imagem, ver a equação criada a partir do padrão. O exercício valoriza o raciocínio e a maneira de cada aluno entende o conceito.

O trabalho em grupos (ver matéria do blog) de quatro alunos, um dos pressupostos do Programa Mentalidades Matemáticas, potencializa a criatividade. “Eles praticam a argumentação, a comunicação, a empatia. Juntos, têm a oportunidade de analisar a dúvida do outro, compreender algo novo, pensar como podem explicar de diferentes maneiras, aprimorando a autonomia, de forma ampla”, analisa Maitê

Para os alunos do Ensino Médio, o exercício pode ter outros desdobramentos pedagógicos. Maitê diz que, como aprendem funções do 1º e 2º graus, logarítmica e modular, ao trabalharem com generalizações, alguns grupos observam funções quadráticas. “A partir daí, foi possível associar o conceito para modelar situações do mundo real, relacionando com o lucro máximo e mínimo e exemplificando o ponto ótimo.” 

Exercícios como o “Círculo Mania” estimulam os estudantes e retiram o estigma negativo da disciplina. O conhecimento matemático é fundamental para o desenvolvimento das pessoas independentemente da carreira que seguirão. Investindo na base da pirâmide educacional, podemos no futuro colher os lucros que a matemática oferece.

Uma imagem contendo texto, lousaDescrição gerada automaticamente
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Webinar discute o papel da matemática no mercado de trabalho pós-pandemia

O contexto da pandemia acelera as mudanças e inovação no mercado de trabalho e na economia. Profissionais precisam ser cada vez mais qualificados para que haja inclusão produtiva. O conhecimento matemático já é protagonista na economia mundial na era da internet. E a tendência é de crescimento. Em países como Reino Unido, França, Holanda e Austrália, cerca de 10% dos empregos estão em profissões com forte conteúdo matemático, e essas atividades geram de 13% a 16% do PIB desses países. E o Brasil? Quanto poderia ganhar?

O webinar “Mercado de trabalho e o papel da matemática pós-pandemia” promoverá essa discussão com os palestrantes Charles Bezerra (cientista de inovação), Antonio Carlos Pipponzi (Presidente do Conselho de Administração da Raia Drogasil S.A) e Ya Jen Chang, Presidente do Instituto Sidarta. Marcelo Soares, Jornalista e Diretor da Lagom Data, será o mediador do bate-papo. O encontro faz parte da série de webinários “E a matemática com isso?”, iniciativa do Instituto Sidarta em parceria com o Itaú Social e apoio do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). 

Quer saber a importância da matemática no mercado de trabalho pós-pandemia? E como o ensino de matemática pode preparar os alunos para esse futuro? Assista nesta quarta-feira (26), às 17h, no Facebook do Programa Mentalidades Matemáticas.


Mentalidades Matemáticas

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