Profissões ligadas à matemática movimentam 18% do PIB na França; no Brasil, apenas 4,6%

27 de fevereiro de 2024

Atualizado em: 28/02/2024

“O que estamos vendo aqui é a oportunidade de realizarmos mudanças estruturais”, afirmou Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), ao repercutir o percentual de 4,6%, número inédito revelado pelo estudo “Contribuição dos trabalhos intensivos em Matemática para a economia brasileira“.

A fala aconteceu em seminário organizado pela Folha e pela Fundação Itaú, no último dia 20 de fevereiro, para divulgar os achados da pesquisa. O evento também reuniu nomes da academia, do poder público e privado para discutir como aumentar este percentual e como repensar o ensino da disciplina no país. Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, foi uma das convidadas do painel que discutiu o cenário da educação matemática no Brasil. Jorge Lira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Karla Esquerre, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Alex Sandro Gomes, líder de grupo de pesquisa na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também compuseram a mesa, que contou com mediação de Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.

Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, no seminário “Contribuição da Matemática para a Economia”. Foto: Lucas Seixas/Folhapress

Antes, foram divulgados os dados inéditos do estudo, que adaptou a metodologia utilizada em 2022 pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. A nível de comparação, o país europeu tinha, em 2019, uma participação de 18% da matemática na massa salarial em relação ao PIB, enquanto o Brasil registrava apenas 4,6%.

Leia: Aberta, criativa, visual e equitativa. Mas o que isso quer dizer?

Durante o seminário, que também incluiu uma mesa redonda sobre o mundo do trabalho, os palestrantes destacaram como as desigualdades de raça e de gênero são intensificadas em áreas relacionadas à matemática, em que há uma maior representação de homens e de pessoas brancas. A pesquisa também evidenciou que, no Brasil, essas ocupações estão mais relacionadas a serviços administrativos e de TI, em vez de postos ligados à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, engenharia e pesquisa, como ocorre nos países europeus.

Diante dos resultados apontados pelo estudo, Ya Jen iniciou a sua fala com uma provocação: “De que matemática estamos falando?”. Em seguida, apresentou informações que evidenciam que todos somos seres matemáticos, como a pesquisa publicada pela Nature que indica que bebês de oito meses já têm noções de probabilidade e estatística. Aproveitou também para ressaltar a importância de se investir na matemática desde o ensino infantil e de se desenvolver a mentalidade de crescimento. “Se alguém acredita que não pode aprender matemática ou que não nasceu para isso, a chance de aprender é significativamente baixa”, afirmou Ya Jen.

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Aqui no site Mentalidades Matemáticas, estão reunidas atividades que estimulam a mentalidade de crescimento, a colaboração e a criatividade. Ya Jen mencionou também o valor da investigação durante a educação matemática. “É preciso trazer sentido e significado para cada um dos conteúdos. Quando um estudante questiona por que precisa estudar aquilo, a resposta ‘porque você vai precisar disso lá na frente’ não é suficiente”.

O seminário “Contribuição da Matemática para a Economia” foi transmitido no YouTube e pode ser assistido a qualquer momento.


Mentalidades Matemáticas

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