Elementos lúdicos ajudam no aprendizado matemático de crianças, mostra estudo

Atualizado em: 22/12/2023

Aqui no blog do Mentalidades Matemáticas você já viu que a aula de matemática pode acontecer com muitos recursos diferentes. Um dos nossos preferidos são os elementos lúdicos, medida que pode ser feita especialmente na educação infantil (mas não só!) misturando, por exemplo, matemática com arte, passatempos ou provando que a disciplina está até nos lugares mais inusitados.

E esse aspecto lúdico do ensino, agora, ganha um reforço da ciência para provar aos educadores sua importância: um estudo recentemente publicado pelo Journal for Research in Mathematics Education sugere que o ensino da matemática com elementos lúdicos colabora com o aprendizado da disciplina. Ou seja: mais do que diversificar as aulas, apostar nesse recurso contribui para que os alunos compreendam os conceitos. Entenda melhor as análises e resultados a seguir.

Elementos lúdicos: uma força na aula de matemática

De acordo com o estudo, o uso de elementos lúdicos para ensinar matemática colabora tanto na melhora da aptidão na disciplina quanto no desenvolvimento da chamada função executiva nas crianças. A função executiva engloba, entre outras habilidades, as de processamento da linguagem, memória imediata e autocontrole.

Os pesquisadores Douglas Clements, da Universidade de Denver, Carolyn Layzer, da Abt Associates, e Fatih Unlu, da RAND Corporation, observaram a aplicação em sala de aula de atividades progressivamente desafiadoras que demandavam níveis cada vez mais profundos de raciocínio. Essa abordagem é denominada Building Blocks (BB), ou blocos de construção em português.

Segundo o estudo, essa progressão dos desafios pode ter gerado oportunidades adicionais para as crianças desenvolverem, simultaneamente, competências matemáticas e executivas. Os resultados sugerem que os exercícios contribuem simultaneamente com o preparo das crianças para conteúdos matemáticos mais avançados quanto para as funções executivas. Ou seja, o desenvolvimento cognitivo não seria compartimentalizado.

Os autores dizem que os professores dessa modalidade engajaram as crianças “não apenas mais extensivamente, mas também mais intensamente no pensamento matemático, o que pode ter demandado mais da função executiva das crianças”.

Estudo comparou três abordagens de ensino

Três abordagens foram comparadas para essas conclusões, sendo que a primeira delas representava práticas tradicionais em sala de aula e o currículo padrão. As outras duas integravam a aprendizagem matemática às atividades rotineiras das crianças, incluindo rodas de histórias. O objetivo é gradualmente relacionar o conhecimento matemático informal das crianças aos conceitos mais formais, como se faz no Mentalidades Matemáticas.

Os avanços dos alunos que passaram pela abordagem Building Blocks, que trabalha de maneira criativa ideias matemáticas, foram maiores que os que aprenderam pelo processo tradicional, como esperado pelos pesquisadores.

A última abordagem, mais focada no uso de brincadeiras dramáticas focadas principalmente nas funções executivas, não se destacou em relação às outras duas.

Foi isso que, juntamente com outros estudos, levou os pesquisadores a concluir que atividades matemáticas pensadas para um ensino progressivamente mais desafiador contribuem mais para o desenvolvimento da função executiva das crianças.

Os pesquisadores acreditam que o problema da abordagem focada na função executiva não estaria na abordagem em si, que incorpora a matemática à dramatização, e sim no fato de depender de uma implementação mais complexa para levar a melhores resultados em termos de desenvolvimento.

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