Série de webinários debateu a importância da matemática na sociedade

24 de novembro de 2020

Atualizado em: 22/12/2023

Representantes do Mentalidades Matemáticas e convidados trataram de temas atuais como gênero, ciência de dados e as profissões do futuro

A série de webinários “E a matemática com isso?”, promovida pelo instituto Sidarta em parceria com o Itaú Social e apoio do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), entre junho e outubro, colocou em discussão a ligação entre a matemática e alguns dos principais temas da sociedade. Das questões de gênero às políticas públicas, passando pelas profissões do futuro que já estão presentes na economia, a série convidou especialistas para debaterem caminhos para educação. Sandra Unbenhaum (Fundação Carlos Chagas), o cientista da inovação Charles Bezerra, André Carvalho (ICMC-USP), Claudio Landim (IMPA) e Claudia Petri (Itaú Social) foram alguns dos participantes dos encontros transmitidos pelo Facebook e YouTube do Mentalidades Matemáticas. Os webinários já foram assistidos mais de 6.465 vezes.

O primeiro webinar “Matemática  e Gênero na mesma equação”, em 24 de junho, reuniu Sandra Unbenhaum, da Fundação Carlos Chagas, Ana Camargo, do Ismart (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos), e a professora do ensino básico Juliana Nascimento para conversar sobre as práticas inclusivas adequadas para trazer mais mulheres para a prática da matemática. A mediação foi da jornalista Sabine Righetti, da Agência Bori. 

Segundo as palestrantes, as meninas são desestimuladas de seguir carreiras matemáticas e científicas muitas vezes sem se dar conta, e precisam ser estimuladas ativamente a se aproximar dessas áreas. “São pequenas coisas no cotidiano, ao longo da nossa vida, que tendem a influenciar as escolhas que teremos no futuro”, avalia Sandra. 

“Desenhamos um plano de intervenção com um foco em modelos, fazendo uma ponte entre os alunos e os profissionais do mercado. Para falar das engenharias, trouxemos mulheres com uma trajetória interessante. Na área de TI (Tecnologia da Informação), predominantemente masculina, fizemos o mesmo. Falaram programadoras e engenheiras da computação”, disse Ana. 

Juliana trouxe a sua experiência e frustrações com a matemática no passado. “Durante boa parte da minha vida me senti na matemática como um pato fora da água.” E destacou a transformação causada pela contato com a abordagem Mentalidades Matemáticas. “Eu voltei a ser aquela aluna do 3º ano, a criança curiosa que acreditava em si mesma”, disse. 

Veja o webinar na íntegra:

Ciência de dados e o futuro das profissões foram temas nos webinários

A internet deixa ainda mais evidente que a matemática está em toda parte. Se conhecer Ciência de Dados pode nos ajudar a ser cidadãos mais conscientes, seu ensino deve começar nos primeiros anos da escola. O assunto foi debatido a fundo no webinar Ciência de Dados: o futuro é agora”, em 29 de julho. A conversa reuniu o engenheiro da computação Hallison Paz, doutorando do Laboratório de Visão Computacional e Computação Gráfica (Visgraf) do IMPA, André Carvalho, professor e vice-diretor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (ICMC-USP), e Maitê Salinas, formadora do Mentalidades Matemáticas. A mediação foi do jornalista Marcelo Soares, da consultoria Lagom Data. 

Ciência de Dados é o nome dado à intersecção entre métodos matemáticos, computação e as gigantescas massas de dados produzidas na sociedade para extrair conhecimento e executar diversas tarefas de maneira mais eficiente. Os participantes abordaram principalmente os desafios de ensinar os conhecimentos mínimos necessários para entrar na nova área. André anunciou que, a partir de 2021, o ICMC vai oferecer uma graduação em ciência de dados, pensada para ser acessível ao máximo possível de alunos. “A ideia do curso é o aluno pensar e conversar sobre dados sem ser internado em um manicômio”, brinca.

Maitê contou sua experiência ensinando raciocínio matemático a crianças, por meio da abordagem Mentalidades Matemáticas – até rudimentos de análise combinatória podem ser ensinados às crianças, com a metodologia certa. Essa é uma habilidade que Hallison disse só ter aprendido no ensino médio, mas que é muito importante em sua pesquisa. “Analisar dados precisa de muito cuidado e atenção, entender como organizar o pensamento e comunicar suas ideias. De alguma maneira isso tem de ser trabalhado na escola, desde os anos iniciais”, afirma Maitê.

Veja o webinar na íntegra:

O terceiro webinar, “O mercado de trabalho e o papel da matemática pós-pandemia”, tratou da importância e dos desafios de desenvolver profissões matematizadas no Brasil. Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, recebeu Antonio Carlos Pipponzi, presidente do Conselho de Administração da Raia Drogasil, e o cientista da inovação Charles Bezerra. A mediação também foi do jornalista Marcelo Soares.

Pipponzi, que dirige uma grande rede de farmácias, viu o negócio se transformar ao longo dos 43 anos em que trabalha na empresa. No começo, diz, a essência do negócio era “barriga no balcão”. Com o tempo, isso mudou radicalmente. “Hoje, a grande riqueza de uma empresa são os dados, que são usados para cuidar da saúde das pessoas”, considera. Bezerra falou da flexibilidade de raciocínio necessária em seu trabalho. Ya Jen Chang falou da beleza da matemática. “Gosto de olhar a matemática com a ciência dos padrões”, disse ela.

Em vídeo gravado, Marcelo Viana, diretor do IMPA, destacou a importância da matemática na construção da cidadania e na produção econômica. Em países desenvolvidos, as profissões matematizadas representam cerca de 15% do PIB. No Brasil, esse valor chegaria a R$ 1 trilhão. “Por isso precisamos prover conhecimento aos nossos jovens para minerar essa riqueza”, aponta Viana.

Veja o webinar na íntegra:

Últimos webinários debateram cursos de pedagogia e políticas públicas para educação matemática

Em setembro, o webinar “Exatas + Humanas = Pedagogia Equilibrada” tratou da importância de melhorar radicalmente o ensino de matemática para formar os profissionais necessários para o futuro. Cláudia Siqueira, diretora do Instituto Sidarta, recebeu o reitor do Centro Universitário UniAmérica, Ryon Braga, e a coordenadora pedagógica da Escola Estadual Henrique Dumont Villares (SP), Nádia Moya. A mediação foi da jornalista Paula Adamo Idoeta, da BBC Brasil. 

Segundo Cláudia, a dicotomia entre exatas e humanas esvazia o debate sobre a construção do saber científico e ofusca a necessidade de integrá-las. Rótulos são feitos para produtos, não para as pessoas”, afirma. Essa foi a tônica do debate.

“O papel do professor é cada vez mais desafiador, precisamos criar um ambiente saudável e estimulador, em que o convívio social promova interação e equidade”, disse Nádia. “Temos que mudar todo o curso de pedagogia, formar o pedagogo sob a ótica de sala de aula, sem ser tão acadêmico”, afirmou Ryon.

Veja o webinar na íntegra:

O último webinar da série, em outubro, teve o tema “Educação matemática e políticas públicas”. Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, recebeu Jorge Lira, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Claudio Landim, diretor-adjunto do IMPA e Claudia Petri, coordenadora de implementação regional do Itaú Social

Ao abrir o encontro, Ya Jen lembrou que, segundo os dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), desde 2003 é constante a proporção de dois terços dos brasileiros de 15 anos que sabem menos do que o básico em matemática. “Isso é um cenário que precisa ser mudado urgentemente, porque a ausência do raciocínio matemático impede a inserção desses jovens brasileiros na sociedade”, afirmou. 

No Ceará, uma maneira criativa encontrada para entender que os estudantes aprendem e descobrir o que é necessário ensinar melhor é capitaneada por Lira, cujo trabalho é analisar a fundo os dados de aprendizado dos alunos e localizar os pontos com problemas e que precisam melhorar o conhecimento matemático. Já Landim coordena outra máquina de gerar evidências da qualidade do ensino de matemática: a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Nada menos que 55 mil escolas e 18 milhões de alunos do Brasil inteiro participam da competição. 

Todas essas iniciativas geram evidências que, analisadas, ajudam a identificar os principais pontos de falha do ensino matemático. Claudia, do Itaú Social, disse que o instituto apoia programas como o OBMEP na Escola e Mentalidades Matemáticas, para ajudar os professores a ensinarem melhor. “O professor precisa acreditar que todos os meninos podem aprender”, disse.

Clique aqui para ver o webinar na íntegra.

A série “E a matemática com isso?” surgiu na pandemia como uma oportunidade de debater e provocar reflexões sobre a matemática presente em diferentes fóruns sociais e seus impactos na sociedade. Em paralelo a estes webinários, o Instituto Sidarta promove a série “Multiplicando Saberes” em que aborda práticas de ensino em sala de aula pela abordagem Mentalidades Matemática. O próximo encontro será em 10 de dezembro. Acompanhe a programação pelo site e pelas redes sociais do Mentalidades Matemáticas.


Mentalidades Matemáticas

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